sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

QUÍMICA SUTIL

Aquilo que eu sou está vivo, em todas as suas infinitas subdivisões hierárquicas e como unidade, e se expande, como qualidade específica de energia consciente, ao redor e adiante de mim e chega nos outros bem antes de meu corpo físico lá chegar, intervindo em outros sistemas igualmente múltiplos e vivos. E causa, o tempo todo, um tipo particular de impacto, de conhecimento, sentimento, de impressão, de inflexão, expressão, que afeta o ambiente numa dada direção, provocando possibilidades de difração da Luz, mudanças de curso. Isso não é uma metáfora. Quando começo a imaginar, começo a abrir uma porteira, permito o acesso a um certo tipo de fluxo de matéria viva sutil carregada de possibilidades. Quando intenciono algo, canalizo, desejo, foco minha atenção em alguma direção específica, todo o meu “campo” se re-arranja, reações “químicas” ocorrem ali dentro, “moléculas” coligam-se de forma tal que a luz passa a expandir-se por novos caminhos cheios de novas informações e insights, o colorido se altera, novas regiões se acendem e pulsam, colocando em movimento uma qualidade inteiramente nova de energia que segue adiante, como batedores, interagindo, afetando tudo que há, criando em torno o novo molde, o projeto daquilo que, se o impulso segue realimentado e complementado, atrairá matéria densa que revestirá o sonho. Isto será meu presente, a nova manifestação, nova forma que estarei implantando para a etapa atual, para este novo dia de criação/experimentação no contexto desta Terra. Nesta consciência, abro este novo ano que agora se inicia. Feliz aniversário, Maria Helena!

E se imaginar é assim, um ato de tradução, criação, estou tratando, então, de imaginar grande, permitindo que meu sábio coração viaje, contate espaços elevados, plantando minha casinha no alto da montanha, de modo a poder praticar um contemplar mais amplo, expandindo meu olhar, respirando o claro ar das alturas, inalando e exalando uma consciência mais vasta, enquanto a cada dia meu corpo torna-se mais integrado, mais forte, capaz de, por horas, usar com precisão a roçadeira, a enxada, o alicate de poda, o cortador de pisos do pedreiro, a torquez, conversando com a alma das coisas. Literalmente reunindo cacos, reciclando e dando a eles nova configuração e harmonia, mosaico de sonhos. Traduzir mais que palavras, mergulhar na qualidade da consciência do ponto percebido, informação a ser transcodificada, seu ritmo, sua música, sua cor, ali, virando conscientemente meu espelho para dentro e para o céu, e transpondo as imagens que ali passam, em fluxo translúcido, para o barro da Terra.

O silêncio desta aquariana casa 12 é povoado, trespassado, interconectado à alma das “coisas”, e dentro dele, encontro-me hospedada a cada instante no coração de uma delas.

Bueno, dito isso, vamos em frente, que o dia está vivo. Aos que conhecem meu consultório, aqui na parte superior da casa, digo que a vegetação quer entrar pela bay window, os livros de astrologia misturam-se a ela com harmonia, o tibetan singing bowl, presente do Marcelo, sempre ao alcance das mãos, ajudando-me a fazer a curva de volta pro sonho, as portas de vidro da varandinha estão semi-abertas e os passarinhos cantam nas bananeiras, no limoeiro, na ameixeira. Volta e meia os cachorros se expressam com muita preguiça, neste calor. Pituxa, a gatinha, me olha de vez em quando com seus olhinhos verdes muito lindos, e a gente se comunica só no olhar. Gente do céu! Olhem em torno! Esta Terra não é mesmo O Paraíso?!

Vou esquentar a lentilha, fazer uma saladinha, que o João resolveu almoçar em casa.

Maria Helena

Manhã de 11/02/2010

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Vozes do Pássaro da Liberdade


Postando aqui este texto escrito em fevereiro de 2007, e publicado no livro Janelas de Aquário na Casa 12. Continuo agradecendo.


Acordei aos poucos. Ouvi o silencioso farfalho das asas do Pássaro da Liberdade pousando em minha janela. (- Ah, essas asas onde gosto de fazer o meu ninho!) E fui abrindo meus olhos, atravessando a soleira da “porta”, ainda envolta, ainda mergulhada na dimensão de onde vinha.

Hoje, em particular, “acordei” com ”Ele” para agradecer por ser Quem Eu Sou. Hoje, em particular, “acordei” para o privilégio de ter recebido estes corpos para experimentação-expansão. E me abracei comigo mesma na cama e me parabenizei por ter aceitado o desafio de desbravar esses oceanos e semear esses desertos. O desafio de emparelhar a perfeição que descubro com a perfeição que já É.

Hoje, em particular, eu me sinto feliz dentro deste jogo, acordando para a Consciência do Espírito, este grande pássaro livre, experimentando permanecer em Sua freqüência, neste “esconde-esconde” onde, na verdade, nada está escondido... Desde que eu não perca este código de sintonização.

Agradeço pelo milagre desta convivência do meu euzinho com o meu euzão. E até por falta de palavras, pelo vício do uso das construções do ego, agradeço pelo Eu Maior ter tanta paciência com seu irmão pequeno que insiste no uso do possessivo “meu” e por vezes não sabe que EU SOU o outro.

Hoje, em particular, agradeço por este laptop, por esta cadernetinha de bolsa – que é um mimo da Patrícia – onde posso anotar estas idéias, tantas vezes fugidias, viagens e visões em trânsito, sonhos e decisões que lampejam sem aviso.

Hoje, reassino este contrato com o bom humor, com a espontaneidade, com a juventude e com a alegria de viver sem idade e cheia de todas elas. Hoje, na maior esportiva, abro o meu ano novo como uma aluna pequena, com a caixa de lápis-de-cor nova, começando novas vias de expressão. E declaro uma vocação-atração profunda por aprender essas disciplinas intuitivas e indisciplinadas, cuja ordenação certamente está dentro de uma Nova Ordem.

Hoje eu me sinto mais simples. Devo, pelo jeito e por vontade própria, tornar-me mais simples ainda. Até chegar naquela unidade básica. Unidade Básica.

Eu agradeço por essa Unidade que em momentos cegos, para não cair, uso como corrimão, afirmo e tomo, via de regra, como definição e em outros momentos sinto-pressinto suas saias-aura roçando pelas minhas pernas, de leve, macio. Unidade que, em dias de Graça, explode sem estardalhaço como jatos de liberdade a partir do centro do meu peito e como silêncio consciente, lago calmo no alto da montanha do meu terceiro olho, como bolhas de champanhe, fonte infinita no topo de minha cabeça... cabeça, irmão, que se desintegra daquele jeito antigo de cabeçar. Essa Unidade que, de dentro, me envolve... e atravesso a porta, a ponte entre os dois lados... e não há mais divisões... e fico de molho dentro dela, numa boa... e respiro... e sei que o mundo inteiro respira em mim.

Hoje, de novo e de novo, agradeço pelo Pássaro na bay window, e por este mundo em mim.

Maria Helena

Numa bela manhã de fevereiro de 2007