terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Vozes do Pássaro da Liberdade


Postando aqui este texto escrito em fevereiro de 2007, e publicado no livro Janelas de Aquário na Casa 12. Continuo agradecendo.


Acordei aos poucos. Ouvi o silencioso farfalho das asas do Pássaro da Liberdade pousando em minha janela. (- Ah, essas asas onde gosto de fazer o meu ninho!) E fui abrindo meus olhos, atravessando a soleira da “porta”, ainda envolta, ainda mergulhada na dimensão de onde vinha.

Hoje, em particular, “acordei” com ”Ele” para agradecer por ser Quem Eu Sou. Hoje, em particular, “acordei” para o privilégio de ter recebido estes corpos para experimentação-expansão. E me abracei comigo mesma na cama e me parabenizei por ter aceitado o desafio de desbravar esses oceanos e semear esses desertos. O desafio de emparelhar a perfeição que descubro com a perfeição que já É.

Hoje, em particular, eu me sinto feliz dentro deste jogo, acordando para a Consciência do Espírito, este grande pássaro livre, experimentando permanecer em Sua freqüência, neste “esconde-esconde” onde, na verdade, nada está escondido... Desde que eu não perca este código de sintonização.

Agradeço pelo milagre desta convivência do meu euzinho com o meu euzão. E até por falta de palavras, pelo vício do uso das construções do ego, agradeço pelo Eu Maior ter tanta paciência com seu irmão pequeno que insiste no uso do possessivo “meu” e por vezes não sabe que EU SOU o outro.

Hoje, em particular, agradeço por este laptop, por esta cadernetinha de bolsa – que é um mimo da Patrícia – onde posso anotar estas idéias, tantas vezes fugidias, viagens e visões em trânsito, sonhos e decisões que lampejam sem aviso.

Hoje, reassino este contrato com o bom humor, com a espontaneidade, com a juventude e com a alegria de viver sem idade e cheia de todas elas. Hoje, na maior esportiva, abro o meu ano novo como uma aluna pequena, com a caixa de lápis-de-cor nova, começando novas vias de expressão. E declaro uma vocação-atração profunda por aprender essas disciplinas intuitivas e indisciplinadas, cuja ordenação certamente está dentro de uma Nova Ordem.

Hoje eu me sinto mais simples. Devo, pelo jeito e por vontade própria, tornar-me mais simples ainda. Até chegar naquela unidade básica. Unidade Básica.

Eu agradeço por essa Unidade que em momentos cegos, para não cair, uso como corrimão, afirmo e tomo, via de regra, como definição e em outros momentos sinto-pressinto suas saias-aura roçando pelas minhas pernas, de leve, macio. Unidade que, em dias de Graça, explode sem estardalhaço como jatos de liberdade a partir do centro do meu peito e como silêncio consciente, lago calmo no alto da montanha do meu terceiro olho, como bolhas de champanhe, fonte infinita no topo de minha cabeça... cabeça, irmão, que se desintegra daquele jeito antigo de cabeçar. Essa Unidade que, de dentro, me envolve... e atravesso a porta, a ponte entre os dois lados... e não há mais divisões... e fico de molho dentro dela, numa boa... e respiro... e sei que o mundo inteiro respira em mim.

Hoje, de novo e de novo, agradeço pelo Pássaro na bay window, e por este mundo em mim.

Maria Helena

Numa bela manhã de fevereiro de 2007


Nenhum comentário: